Queimadas, seca e estresse hídrico em 2024

Data de Publicação:
5 de setembro de 2024

Por Thomaz Albano | Joana Cruz

O Brasil enfrenta situação catastrófica, neste ano, em relação à falta de chuvas. Em algumas regiões, como Sudeste, são cerca de 4 meses sem cair uma gota d’água do céu. De acordo com o Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), responsável por gerenciar e direcionar ações para o enfrentamento de crises climáticas, essa é a maior seca já registrada no Brasil desde 1950, afetando o país de forma geral, com exceção do Rio Grande do Sul. A situação, portanto, é crítica.

Segurança hídrica

A seca acende o alerta a respeito da segurança hídrica que, segundo o Instituto Água Sustentável, “é a capacidade de uma sociedade ter acesso a água em quantidade e qualidade suficientes para atender às necessidades humanas, econômicas e ambientais”. Dando robustez ao conceito, vale trazer à memória os ensinamentos da Organização das Nações Unidas (ONU): a Segurança Hídrica existe quando há disponibilidade de água em quantidade e qualidade suficientes para o atendimento às necessidades humanas, à prática das atividades econômicas e à conservação dos ecossistemas aquáticos, acompanhada de um nível aceitável de risco relacionado a secas e cheias, devendo ser consideradas as suas quatro dimensões como balizadoras do planejamento da oferta e do uso da água em um país.
De acordo com monitoramento da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), divulgado nesta terça-feira, 03 de setembro, entre junho e julho, houve uma intensificação da seca em todas as cinco regiões do Brasil. Ainda segundo o levantamento, nove unidades da Federação registraram seca em 100% do território em julho deste ano, sendo eles: Acre, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rondônia e Tocantins.

Lago do Aleixo quase seco, deixando barcos e flutuantes encalhados. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil


Seca no Sudeste

Minas Gerais
A falta de chuvas deixa 137 cidades de Minas Gerais em estado de emergência. A informação foi atualizada nesta terça-feira, 3 de setembro, pela Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec). O número indica que 16% do Estado já enfrenta situações críticas por causa da seca.
Entre junho e julho, Minas Gerais registrou um aumento da área com seca de 78% para 100% do território. É a maior área com seca em Minas desde agosto de 2022, quando o fenômeno foi registrado na totalidade do território mineiro.
Segundo a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), o nível dos reservatórios que abastecem a Região Metropolitana de Belo Horizonte, por exemplo, enxugaram 23% na comparação de agosto de 2022 com o mesmo período de 2023. De acordo a Companhia, a operação, na grande Belo Horizonte, ainda ocorre em segurança. Resta saber até quando.

Espírito Santo
No estado capixaba, todos os 78 municípios enfrentam alguma situação de seca, segundo o Cemaden. No estado, seis cidades estão classificadas com seca severa. Outros 51 municípios estão com seca moderada e 21 com seca fraca. O número é quase 23 vezes maior do que o registrado no mesmo período do ano passado, quando 45 cidades estavam nesses níveis de seca. Segundo o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), o volume de chuvas previsto para os próximos meses não será suficiente para reverter o déficit hídrico, especialmente no Norte do estado, onde a situação é a mais grave. Ainda segundo o Incaper, o Espírito Santo está sob alerta e já enfrenta consequências no abastecimento e na produção agrícola. As safras de café, leite e derivados tiveram prejuízos milionários.

São Paulo
Na mesma linha, o estado de São Paulo enfrenta um intenso período de estiagem, com condições de seca extrema e severa em mais da metade do território. A seca atinge 641 dos 645 municípios paulistas. No estado, é a pior seca desde 1982 para o 2º quadrimestre, entre maio e agosto, avalia o Cemaden. Ao todo, 60% dos municípios paulistas estão com condições de seca severa ou extrema, algo atípico para esta época do ano, totalizando 175 municípios em seca extrema e 213 em seca severa.

No boletim com dados de agosto, o órgão indicou que, considerando os últimos seis meses, São Paulo concentra o maior número de municípios com condição de seca extrema entre todos os estados do país. E na região metropolitana da cidade de São Paulo o cenário não é diferente. Segundo o Portal dos Mananciais, vinculado à Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), o Sistema Cantareira, que fornece água para cerca de nove milhões de pessoas, opera, no início de setembro, com pouco mais de 55% da capacidade. Há um ano, o mesmo sistema de abastecimento registrava valores em torno de 80%. Já o sistema Alto Tietê, também administrado pela Sabesp e destinado à captação, armazenamento e tratamento de água para a Grande São Paulo, opera com 52%.

Rio de Janeiro
De acordo com o Monitor das Secas do Brasil, plataforma sob coordenação técnica e operacional da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), , a seca agravou nas últimas semanas no Rio de Janeiro. Informações do Cemaden indicam que as regiões Noroeste, Serrana e Metropolitana enfrentam situação grave pela falta de chuvas e 92 municípios fluminenses vivenciam seca fraca ou moderada, ou seja, 84% de todo o território. De acordo com o Centro de Operações Integradas da Companhia Águas do Rio, a redução da disponibilidade hídrica em alguns mananciais cariocas já atinge 40%. Pelo menos seis municípios da Baixada Fluminense estão com o abastecimento de água reduzido por causa das condições climáticas e do período de estiagem.

Caminhos para lidar com o Estresse Hídrico

Para a Diretora Geral da Azurit, empresa de consultoria ambiental sediada em Belo Horizonte, o debate sobre segurança hídrica e sobre o estresse hídrico é inevitável e já está atrasado. A sociedade ainda não parou para refletir sobre o tema e projetar os riscos a que estamos sujeitos. É necessária uma mudança comportamental com novos hábitos de consumo da água, tanto para os grandes usuários, evitando-se as perdas dos sistemas, quanto para cada CPF que lê essa reportagem. Só isso também não basta. Precisamos ter investimentos em infraestrutura adequada. Sem obras, é impossível enfrentar as variabilidades do clima.

Por meio da Azurit, que possui equipe de profissionais altamente qualificados, é possível avaliar os riscos hídricos, contribuindo para a definição de estratégias operacionais que visem à sustentabilidade das atividades produtivas e econômicas. Venha falar conosco! Clique no link https://azurit.com.br/contato/